No início desse ano de 2013, fiz a monografia do curso destacando os relacionamentos, a interculturalidade, para chegar a conclusão que é preciso aprender a viver bem com as diferenças, com as pessoas. Isso tanto dentro da formação religiosa como também diante das relações de todos os seres humanos. E um dos pontos realçados foi a relação de Jesus Cristo com as pessoas de sua época. Podemos aprender de Jesus Cristo vários pontos que servirão para nossa vida e os diversos relacionamentos. Reflitamos no texto que segue:
Jesus
de Nazaré, exemplo de interculturalidade
relacionamentos diversos
Colocando sua cidade, Nazaré, em
evidência, realçando a interculturação, esta cidade não era vista com bons
olhos, como se observa pela colocação de Natanael quando Filipe o chama para
estar com Jesus de Nazaré, recebendo como resposta: “Pode vir alguma coisa boa
de Nazaré?”(cf Jo 1, 46). E a resposta é simples e convocativa: “Venha e
veja!”. Em outras palavras: “Não tire conclusões precipitadas, verifique você
mesmo!”.
Demos destaque a algumas passagens
da vida de Jesus de Nazaré ou de suas palavras. Ele que é considerado por
muitas culturas como o maior revolucionário da história e, para o povo cristão,
o Salvador da humanidade. Percebemos que a sua vivência era intercultural,
deixando-nos seu exemplo a seguir, com o seu testemunho de vida e confirmando
ainda em suas últimas palavras de instrução aos seus discípulos, quando diz: “Ide, pois,
ensinai a todas as nações... Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi.” (cf Mateus, 28,19-20). Dizendo “todas as nações”, mostra a sua globalidade, sem nenhuma restrição. Não
importa a que povo alguém seja pertencente, importa que todos estão incluídos
no plano de salvação, no Reino de Deus.
Mesmo Ele tendo nascido numa época
em que existia muita diferença entre ricos e pobres, homens e mulheres, judeus
e não judeus, pecadores e não pecadores, mostra, através de seu modo de se
relacionar, a igualdade entre os povos, pois Ele veio para todos; dependeria de cada um aceitar ou não o
convite de seguir sua maneira de viver, sendo a proposta para todos. Acolheu a
todos e se colocou no lugar de cada um. Aqueles que aceitassem os seus
ensinamentos, que eram verdadeiros, seriam felizes, benditos:
Vinde
benditos de meu Pai, tomai posse do reino que vos está preparado desde o início
da criação do mundo, porque tive fome e me deste de comer; tive sede e me deste
de beber; era peregrino e me acolhestes; nu e me vestistes; enfermo e me
visitastes; estava na prisão e viestes a mim... Todas as vezes que fizestes
isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes.
Todas as vezes que deixastes de fazer isto a um destes pequeninos, foi a mim
que o deixastes de fazer (cf. Mateus
25,34-36.40.45).
Alguns exemplos claros da abertura
e acolhida de Jesus ao diferente, aos estrangeiros, aos que eram considerados
indignos pela maioria do povo ou considerados pagãos e outros: Uma das suas
colocações é a parábola do Semeador que semeia em todos os tipos de terrenos,
terrenos estes que estão representando cada ser humano, onde a semente vai frutificar ou não, de acordo
com a vida de cada um, mas a semente não foi negada a ninguém, era para todos
(cf Mateus 13, 1-23). Outro exemplo: diante da mulher cananeia, que pede a cura
de sua filha. Ela não era do seu povo, era estrangeira (cf Mateus 15,
21-27). Mas Ele acaba cedendo ao seu
pedido de cura e a elogia pela fé: “Disse-lhe então Jesus: “Ó mulher,
grande é a tua fé, seja-te feito como desejas” E na mesma hora sua filha ficou
curada”. (cf Mateus15, 28). Também
o centurião, chefe dos soldados, servo do rei, é atendido em seu pedido de cura
do servo; poderia ser alegado que não era a favor do seu povo, no entanto
expressou grande fé, acreditando que bastava apenas uma palavra de Jesus para
que a cura fosse realizada (cf. Mateus 8, 5-13).
Em relação às mulheres, Jesus rompe
as estruturas e inaugura uma nova dinâmica, ao curar a filha de Jairo, chefe da
sinagoga, e ao mesmo tempo, durante seu trajeto, a cura de uma mulher que
sofria de fluxo de sangue (cf Mateus 9, 18 -26). Diante da mulher considerada
adúltera, pecadora pela multidão, Jesus, embora não aprove o erro, não a
condena, mostrando que ela não pecou sozinha: “quem de vós estiver sem
pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra” (cf João 8, 7). E cada um, reconhecendo sua própria culpa, sai em silêncio. E Jesus
a incentiva a prosseguir sua vida com mais cuidado e confiança. (cf João 8,
3-11). Também na sua conversa com a
mulher samaritana, narrada pelo Evangelista João no capítulo IV e versículos de
5 a 46, em um momento em que
Jesus tinha sede e pede água para a mulher, “pois os
judeus não se comunicam com os samaritanos” (cf João 4,9). Os próprios discípulos “maravilharam-se de que
estivesse falando com uma mulher”
(cf João 4,27). E, a partir dessa conversa de abertura e acolhida, Jesus não só
consegue transformar a vida dessa mulher como também a de muitos da Samaria:
Muitos foram os samaritanos
daquela cidade que creram nele por causa da palavra da mulher, que lhes
declarara: “Ele me disse tudo quanto tenho feito”. Assim, quando os samaritanos
foram ter com ele, pediram que ficasse com eles. Ele permaneceu ali dois dias.
Ainda muitos outros creram nele por causa das suas palavras. E diziam à mulher:
“Já não é por causa da tua declaração que cremos, mas nós mesmos ouvimos e
sabemos ser este verdadeiramente o Salvador do mundo” (cf João 4, 39-42).
O principal parentesco com Jesus
não vem de forma biológica: todos podem se tornar seus parentes ao fazer a
vontade de Deus. Nisso Ele inclui todos aqueles que desejam entrar na sua
grande família, não importa a que cultura pertençam, pois Ele diz: “Todo aquele
que faz a vontade do meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão e minha irmã e
minha mãe” (cf. Mateus 12, 50).
Em síntese, semelhante à vida de
Jesus deve ser também a Vida Religiosa e Cristã, tendo-o como o grande modelo, não
olhando a hora nem a quem se faz o bem: Ele se encontra em todos, e todos devem
saber encontrá-lo e reconhecê-lo nos outros. É preciso exercitar-se no diálogo
para se chegar a um acordo, superando as dificuldades nas questões culturais,
de gênero e em tudo que possa trazer divisão entre os seres humanos, formando o
Reino de amor, de justiça, de paz, de alegria no Espírito Santo, o Reino onde
todos têm lugar.
Esse é um breve relato sobre algumas relações de Jesus com diversas pessoas. Em breve destacarei aqui a relação de Jesus com pessoas fora da seu tempo histórico, ou seja, como é nossa relação com ele hoje, destacando a relação da Bem-aventurada Maria Domingas Brun Barbantini com Jesus Cristo. Até lá!
Ir. Elenilza - SMI (MESC).
2013.